Saturday, December 26, 2009

A IRA DE DEUS - O grande terramoto de Lisboa 1755

Foram publicados recentemente dois livros com título semelhantes mas temas diversos, um sobre o grande terramoto de Lisboa, A Ira de Deus de Edward Paice, uma exploração histórica de um facto marcante no Ocidente do século XVIII e outro mais um romance a quilo de um jornalista da RTP. «A Ira de Deus» editada com um prefácio de Domingos Amaral, faz-me a mim lembrar uma colectânea editada por um colaborador dos SMAE de Luanda, na sua descrição sobre a imundice e atrasos existentes em Portugal no século XVIII.

A descrição da rota Falmouth-Lisboa que foi desenvolvida como consequência do ambiente de guerra com a França faz-nos pensar nos perigos que os homens do mar enfrentavam mesmo em águas mais conhecidas como por exemplo o Golfo da Biscaia.

Domingos Amaral destaca no prefácio o alcance geofísico do acontecimento, sentido em todo o Atlântico de um lado e do outro com ondas gigante a chegarem a vários pontos separados por milhares de quilómetros (ver a primeira referência).

No livro ressalta a prosápia dos nossos governantes com D. João a estoirar uma quantidade de dinheiro para construir o Convento de Mafra, mesmo tendo isso significado ficarmos dependentes do chapéu de defesa britânico, e de um aumento muito brusco dos impostos, mesmo tendo tido umas receitas extraordinárias provenientes do ouro do Brasil que foi descoberto já na fase de construção do Convento. O convento contudo albergava algumas características curiosas como por exemplo a maior colecção de estatuária italiana fora de Itália e uma biblioteca com cerca de 600 m2.

Pensar que um país de pouco mais de 2.250.000 habitantes atribuiu a essa construção 45000 enquadrados por 6000 soldados dá um pouco a imagem dessa megalomania.

D. João faleceu a 31 de Julho de 1750 num dia em que sucedeu um ligeiro sismo.

O turismo era uma actividade relativamente recente normalmente de ingleses para Itália, com a sua Veneza carnavalesca ou a Roma clássica, ou Paris pela explosão de ideias, Lisboa era ainda quase terra incógnita até que em 1749 surgem 2 livros onde Portugal em geral e Lisboa em particular são retratados. A obra Thomas Nugent, mação e viajante e o Account of the Most Remarkable Places and Curiosities in Spain and Portugal de Udal ap Rhys. Nos cinquenta anos anteriores tinha sido um deserto, praticamente só a Histoire de la conjuration de Portugal do Abade de Vertot.

Uma das coisas que gosto, em livros que tenham como pano de fundo a história, é ficar a saber um pouco mais sobre a história de Portugal como por exemplo um daqueles falhanços como por exemplo o da Batalha de Almansa em que as nossas tropas conjuntas com os ingleses eram dirigidas por um francês e as tropas dos Bourbon eram dirigidas por um inglês, a história tem muitos acontecimentos deste género.

Sebastião de Carvalho e Melo foi um dos melhores ministros deste país algo que toda a gente do seu tempo percebeu a começar pelos estrangeiros que tratavam de sugar o máximo possível.

As viagens a Portugal, quer para mercadar, quer em turismo de diversão, quer em turismo médico foi ganhando força. Entre este último tipo de turista encontra-se Henry Fielding, um inglês que sofria de hidropsia que viajou no Queen of Portugal

As suas impressões de viagem ficaram registadas no Journal of a Voyage to Lisbon

Crítica no Telegraph

Recursos:

Biblioteca Nacional: Memorias das principaes providencias, que se derão no terremoto, que padeceo a Corte de Lisboa no anno de 1755, ordenadas, e offerecidas à Majestade Fidelissima de Elrey D. Joseph I. nosso senhor / por Amador Patrício de Lisboa. - Lisboa : [s.n.], 1758. - [30], 355 p. ; 34 cm
Nota: a continuar se possível...

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